Vila São João

A Vila São João, construída por Alfredo Gomes de Moura (1889-1956) com o objetivo de nela instalar um pequeno hotel / pensão, em 1926, período inicial da vocação turística na Serra de Baturité. Encravada no Sítio São João, adquirido da casa exportadora dos franceses Boris Frères, acabou não se tornando o empreendimento planejado, passando a ser a casa de residência da família Gomes de Moura até o presente, com a terceira geração.
Alfredo Gomes, natural de Canindé, era agricultor e comerciante que ainda jovem veio para a Serra de Baturité trabalhando com gado. Consta na memória familiar que ele foi o responsável por trazer o jovem Francisco de Menezes Pimentel do sertão de Santa Quitéria à Pacoti a mando do Padre Tabosa. Anos depois, tornar-se-iam compadres. Pimentel foi deputado, governador e senador da República.
Em Pacoti, Alfredo casou-se com Ignez Maria de Jesus, com quem teve dez filhos: Raimunda, Manoel, Zilda, Osório, Maria de Lourdes, Zilma, Ari Alfredo, Iracema, Nilce e José Cleóbulo. E mais quatro filhos da segunda família: Sandoval, Eloneida, Deusimar e Josefina.

Alfredo Gomes possuiu uma olaria e negociava, dentre outros gêneros, a borracha vegetal (látex) extraída da árvore maniçoba. Desde 2004, a Praça contígua à Vila São João leva o seu nome. Assim como a Rua onde se localiza a residência, tem por nome “Vila São João”, em homenagem ao casarão, belo exemplo do patrimônio arquitetônico do século passado de sua fachada eclética, neoclássica e simétrica.
A “Vila São João” é a representante mais expressiva da arquitetura eclética da cidade de Pacoti, incluindo elementos da estética neoclássica. No aspecto arquitetônico, suas principais características são: as edificações eram com base, corpo e coroamento; simetria, composição e proporção eram as diretrizes para o projeto; uso de ornamentos com colunas, frisos, balaústres, flores etc.; apresenta dramaticidade, expressividade, emoção e exuberância.
Por tudo isso, a fachada da Vila São João foi tombada como bem do patrimônio histórico da cidade, por força da Lei Municipal N.º 1.675/2020 de 20 de agosto de 2020. O projeto da referida lei e sua respectiva justificativa foram elaborados pelo historiador Levi Jucá, em parceria com Cleire Antônia e Cleone Maria Gomes de Moura, residentes na Vila São João e netas de Alfredo Gomes. Essa iniciativa, representada juridicamente pelo Ecomuseu de Pacoti junto à Câmara Municipal, conquistou, em dezembro de 2022, o restauro e a pintura da fachada com o apoio da Prefeitura Municipal de Pacoti.
Fonte: Texto adaptado do Livro “Pacoti, História & Memória”, de Levi Jucá (Editora Premius, 2014)

Projeto Jovem Explorador e o Ecomuseu
Trilha da Memória – Pacoti – CE