O sorriso tímido de Levi Jucá se abre ao falar da sala de aula da mesma forma como se expande ao apresentar o projeto gestado por ele desde 2010, o Jovem Explorador. Foi entre livros e alunos que o professor de 30 anos descobriu ao que se dedicaria logo após terminar a graduação em História na Universidade Federal do Ceará: à educação. Pacoti, cidade escolhida, como ele mesmo diz, para “trabalhar, viver e morar”, é o cenário de uma mudança em muitos paradigmas que fez questão de questionar ao longo do tempo.
Lá na cidade da Serra de Baturité, desde 2010 Levi é referência de ensino e, além disso, uma figura na qual os alunos da pequena escola local podem se inspirar. Foi essa admiração que o levou a fazer o que faz. Ainda pequeno, espelhou-se na professora de História do Ensino Médio para traçar as metas que buscaria no futuro. Hoje, ele sequer hesita ao contar como os estudos mudaram sua vida.
“Até hoje, costumo dizer que essas duas coisas me guiam: o gosto pela leitura e a curiosidade”, explica, com brilho nos olhos. O foco e a determinação para ver os planos saírem do papel também parecem características intrínsecas ao pofessor. Depois de se formar na UFC, partiu rumo a Pacoti, onde acabou percebendo que os alunos precisavam de estímulo para aprender.
“Quando cheguei lá para trabalhar, vi que os meninos estavam terminando sua vida escolar no ensino médio, sem saber praticamente nada sobre o lugar que viviam”, recorda.
“Comecei, então, não a substituir o conteúdo, mas a tentar fazer uma ponte entre a história do Brasil e a do Ceará, em especial a história da Serra de Pacoti”, relata. A partir de então, Levi desenvolveu métodos que tornam possível a saída dos alunos para fora da sala de aula, em um esforço de fazer o aprendizado ir além.
O Jovem Explorador leva os estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Menezes Pimentel a conhecerem tudo na cidade, incluindo a biodiversidade. Trilhas e matas passaram a incorporar a realidade das aulas.
No entanto, os questionamentos não demoraram a surgir. Perguntavam se o conteúdo estava programado ou se não estaria tomando o espaço de outras matérias. No fim, o que aconteceu foi uma verdadeira interdisciplinaridade, junto do nascimento do Ecomuseu, local que reúne todos os materiais coletados por esses integrantes.
“A gente sai de sala de aula e percebe que a educação é integral, no sentido de que qualquer lugar pode ser uma sala de aula. Vamos para as matas, fazemos excursões para reconhecer não só esse patrimônio ambiental, mas também o patrimônio histórico”, diz.
A ideia de exercer o papel de educador parece encantar Levi. Tanto o projeto quanto a pesquisa estão entre os assuntos dos quais não para de falar.
Como um eterno estudante, o professor também se coloca no lugar de quem busca cada vez mais conhecimento. Exatamente por isso, partiu para o papel de escritor. Entre pesquisas e arquivos antigos, desenvolveu uma obra especialmente sobre Pacoti.
“Passei os anos iniciais do meu trabalho realizando essa pesquisa e só fui fazer o lançamento do livro em 2014. Foi meio que um presente para a comunidade. Ninguém estava esperando, sabe?”, conta. Orgulhoso, ele também diz que o trabalho reunido no livro passou a ajudar no que é realizado no projeto.
Não por acaso, os frutos advindos de tudo que realizou ao longo desses anos – nove mais precisamente – não param de nascer. Agora, neste sábado (3), surge mais um capítulo dessa trajetória. O Ecomuseu lança um site oficial para divulgar tudo que hoje está armazenado por lá. Orgulhoso da mais nova iniciativa, Levi acredita na força do conhecimento e de como se pode crescer por meio dele.
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