Mendez

MENDEZ

Mestre da Caricatura


Tendo em vista a atuação do Ecomuseu de Pacoti no processo de promoção das memórias e das expressões culturais e artísticas da região do Maciço de Baturité, estruturou-se, no âmbito das atividades da instituição, um projeto de pesquisa sobre vida e obra do artista baturiteense Mário Mendez (1907-1996), que se tornou um dos maiores nomes da caricatura brasileira.


À frente da pesquisa e escrita do livro, o historiador cearense Levi Jucá, realizou levantamento de um considerável acervo iconográfico e documental, o qual compreende desenhos originais, jornais, revistas, desenhos, pinturas, livros autorais, livros ilustrados, anúncios, capas de discos, além de fotografias. A diversidade de dados e imagens viabilizaram a edição do livro biográfico e iconográfico que visa o reconhecimento e a valorização da carreira do cearense Mendez, cuja produção teve grande repercussão em território nacional. Vale destacar a parceria inédita estabelecida entre o pesquisador e a família de Mendez, na pessoa de suas filhas, principais parceiras e colaboradoras do projeto.


Apesar da relevância de Mendez no campo artístico, ainda são escassas as ações que destacam a sua produção e repercussão, em sua terra natal. Seu legado é imenso, e considera-se que a publicação do livro, contextualizando sua obra, apresenta-se como potente forma de reafirmar e divulgar a importância de sua trajetória.

O conhecimento sobre a produção por ele desenvolvida pode, ainda, estimular a expressão de jovens artistas por meio dos processos criativos do desenho, ampliando suas percepções sobre as diversas possibilidades comunicativas dessa linguagem. Além disso, a publicação contribui para uma das metas do Ecomuseu, que se relaciona ao (re)conhecimento e (re)escrita da própria história da região onde se localiza, o “Maciço de Baturité”.


De Baturité para o mundo


Filho de José Mendes de Brito Arraes e Vigolvina de Oliveira, Mário de Oliveira Mendes, o “Mendez”, nasceu em Baturité, interior do Ceará, em 25 de dezembro de 1907. Aos cinco anos de idade, mudou-se com a família para o Pará. Durante a infância em Belém, experimentou suas primeiras caricaturas inspirando-se nos renomados artistas J. Carlos, Kalixto e Storn, cujas produções apareciam publicadas n’O Malho, entre outros meios de difusão. Além disso, também se dedicava a “desenhar” partituras a pedido do pai, que era professor de música. Adolescente, já no interior do Maranhão, passou a vender cartões decorativos pintados à mão e monogramas colados sobre fundo branco, em quermesses da igreja local ou de paróquias vizinhas. Autodidata, deixou a escola formal aos 14 anos e, aos 15, retornou com a família para o Ceará.

Seu primeiro contato profissional com a arte do desenho e da pintura foi no centro de Fortaleza, no ateliê do talentoso Manoel de Queirós, ilustrador da revista Ba-ta-clan. Tronou-se, ali, ajudante na produção de cartazes e letreiros. A fim de ganhar algum trocado, nas horas vagas, “pintava” os frequentadores dos cafés da Praça do Ferreira e vendia-lhes os retratos desenhados. Posteriormente, alistou-se no Regimento Naval e embarcou para o Rio de Janeiro. Teve seu primeiro desenho publicado em 1927, na Revista Musical. Tratava-se da caricatura do compositor do Hino Nacional, maestro Francisco Braga, então professor e regente da banda de música do Regimento, na qual Mário Mendez também ingressou.

Após deixar o Regimento Naval, em 1928, o jovem de Baturité passou a colaborar em diversos periódicos, tais como o jornal A Manhã, A Batalha, A Esquerda, Vanguarda e O Radical. Nesse período, ele já figurava entre os principais caricaturistas da época. Sua 1ª Exposição de Caricaturas aconteceu em 1930, no Lyceu de Artes e Ofícios, na Avenida Rio Branco e, em 1938, publicou seu primeiro livro, Typos e Costumes do Negro no Brasil, que trazia desenhos criados a partir de observações de tipos populares e cenas da vida urbana do Rio de Janeiro, como também de Salvador - BA. Passou a trabalhar no jornal A Noite, junto com outros grandes artistas da charge, e a colaborar em outros periódicos como Folha Carioca, Diário Trabalhista, Revista da Semana, Revista do Rádio e Radiolândia. Deflagrada a 2ª Guerra Mundial, Hitler, Mussolini, Stalin e Gandhi também estiveram entre os seus caricaturados d’A Noite.

Participou ainda de programas de auditório das rádios, como o “Trem da Alegria”, comandado por Heber de Bôscoli, Yara Salles e Lamartine Babo e, com a chegada da TV, desenhava, frente às câmeras da TV-Rio, os participantes que compareciam ao programa. Vários foram os famosos por ele caricaturados. Humberto Teixeira, o “rei do baião”, perguntava sempre aos seus pares: “Você já foi caricaturado por Mendez? Não? Então você ainda não é famoso”. O então presidente Getúlio Vargas, que apresentava o hábito de colecionar as caricaturas que faziam dele, tinha a produzida por Mendez como a preferida. Essa foi publicada na revista Vamos Lêr, de 1946, e utilizada pelo PTB na campanha eleitoral de 1950, que levou Vargas novamente à Presidência da República.

Em 1950 publicou o bem-sucedido manual Aprenda a Desenhar Caricaturas, que teve sua importância para a disseminação da técnica básica do desenho de humor. Os demais livros, lançados entre as décadas de 1970 e 1980 com os títulos Como fazer caricaturas e Caricaturas e Caricaturados, tornaram-se referências que inspiraram gerações. Também realizou exposições onde pôde exibir peças de sua outra paixão, a pintura, e afirmava que todo caricaturista acabava por se tornar pintor. Algumas de suas telas estamparam os famosos cartões-postais da UNICEF.

Nos seus últimos anos, recebeu importantes homenagens. Dentre as quais se destacam o convite do I Salão Nacional de Humor de Fortaleza, em 1992, oportunidade em que foi homenageado pela primeira vez em sua terra natal, bem como a exposição retrospectiva de sua obra, organizada pelo Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1994. Mendez faleceu a 21 de outubro de 1996, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Artista versátil e consagrado um dos maiores do país, por quase 70 anos fez da caricatura a sua profissão, meio de expressão e vida. Seu legado é imenso, e não deve ser esquecido.

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O LIVRO

Sinopse: O caricaturista e pintor Mário de Oliveira Mendes (1907-1996), o "Mendez", de um traço identificável como uma impressão digital, foi um dos maiores artistas da história do humor gráfico brasileiro. Cearense de Baturité e radicado no Rio de Janeiro, onde esteve em atividade entre as décadas de 1920 e 1990, marcou época como mestre da caricatura ao compartilhar seu método de observação e desenho por meio de célebres publicações. Pela primeira vez, desde a sua morte, a vida e a obra de Mendez são narradas e ilustradas em livro, para que sejam conhecidas - e jamais esquecidas - pelas novas gerações.

O AUTOR

LEVI JUCÁ é licenciado em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em História e Culturas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e professor do Ensino Médio. Natural de Fortaleza - CE, mas com raízes familiares em Pacoti, na Serra de Baturité, onde reside e desenvolve pesquisas e projetos educativos para a divulgação e preservação do patrimônio cultural e ambiental. É autor de Pacoti, História & Memória (2014), Um Século de Magia (2017), sobre a vida de Luiz Severiano Ribeiro, o “Rei do Cinema no Brasil”, e Filhos de Guaramiranga (2019).

CARACTERÍSTICAS DO LIVRO

Acabamento: Capa dura
Páginas: 256
Formato: 21 x 27cm
Peso: 1520g
ISBN: 978-65-996666-0-5
Ano: 2021
Lançamento previsto para janeiro/2022.
Selo: Ecomuseu de Pacoti

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Valor: R$ 50,00 *(sujeito à acréscimo da taxa de frete via Correios)
O Ecomuseu de Pacoti é uma instituição sem fins lucrativos. As vendas do livro serão utilizadas para ajudar a financiar os projetos do Ecomuseu de Pacoti.

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